domingo, 15 de novembro de 2020

Conto: A MULHER ENGANOU ATÉ O DIABO

Autor: Leopoldo Napoleão Ben-Leon

No século XVII por volta de 1666, em Lyon na França, em uma cidade com cerca de 20.000 habitantes aproximadamente, onde todos viviam de forma ordeira e em paz, ocorreu um fato inusitado.
A maioria das moças e rapazes da cidade vestiam roupas vitorianas, onde as mulheres usavam saias compridas arrastando ao chão e camisas de linho com mangas compridas enfeitadas com rendas e babados. Os rapazes vestiam, calças coladas ao corpo, camisas gola de padre com mangas compridas fofas, cabelos fio reto meio rosto, e ainda botas cano alto chegando ao joelho, todos muito elegantes.
Os rapazes e moças se encontravam na praça sempre por volta das 06 horas da tarde e ali desfilavam sua elegância. Nesta época não havia luz elétrica, usavam luz de candeeiro, onde o combustível era de óleo de baleias. As luzes eram apagadas por volta das 10 horas da noite e o mesmo homem que acendia as 06 horas da tarde as apagava, e este Senhor se chamava François.
Um certo dia um rapaz desconhecido apareceu na cidade, sendo este de altura aproximada de 1,90 m, cor branca, cabelos louros e olhos azuis estalantes, um porte físico descomunal.
As moças e até mesmo os rapazes que se encontravam na praça a passear, ao se depararem com aquele jovem de grande beleza, admiraram. Quando este rapaz dirigia o olhar a uma das moças ela ficava embebecida.
Por volta das nove horas da noite quando os rapazes e moças já retornavam às suas casas, o jovem desconhecido desaparecia como se fosse um relâmpago.
O rapaz, durante aquela noite, entrou sorrateiramente, na casa da moça que ele tinha fixado o olhar, isso sem ninguém perceber, foi até o quarto dela ali mantiveram relações sexuais e depois ele sai às 04 horas da madrugada em ponto, como entrou, sem deixar rastro.
Ele só voltava naquela mesma praça dois ou três dias depois, repetia a conduta, com as outras moças, e não foi diferente com STEPHANY.
Uma das moças que se apaixonou perdidamente por este rapaz, foi STEPHANY, porém ele desapareceu depois da visita feita a ela, isso, por um tempo maior que o habitual, e no passar dos dias as pessoas começaram a perguntar uns aos outros:
- Sumiu aquele rapaz bonito, por onde ele anda??
Ninguém sabia.
STEPHANY ainda estava perdidamente apaixonada por aquele rapaz misterioso, que nem o nome sabia.
STEPHANY um dia, foi passear em um campo da fazenda de seus pais, montada em um cavalo alazão muito bonito, com uma crina maravilhosa. Quando o cavalo ia atravessar o riacho este refugou, voltou e não quis mais prosseguiu o passeio de forma alguma.
Assustada, STEPHANY olhou para o lado e deparou com aquele rapaz por quem seu coração batia velozmente e com quem até tinha mantido relações sexuais, isto em segredo, mesmo porque naquela época o sexo era um tabu, assim STEPHANY, bem como as outras moças ficavam caladas sobre o assunto.
STEPHANY ao encontrá-lo o beijou e abraçou, e ali mesmo tiveram relações. Após o ato, ele a mandou ir embora para casa. Ela chocada perguntou:
- Onde tu vais?
Ele respondeu a ela:
- Vou rumo a floresta.
E assim, ele entrou mato adentro como um raio e desapareceu.
STEPHANY voltou a sua residência mais apaixonada ainda pelo rapaz bonito.
Noutro dia, por volta das 06 horas da tarde, estando STEPHANY, na casa da fazenda de seu pai, Sr. John, debruçada na janela, apreciando a paisagem, se assustou, quando o rapaz bonito apareceu repentinamente, com uma belíssima roupa, com o rosto radiante ressaltando os olhos azuis cor de anil, e aqueles cabelos louros sedosos e brilhantes... STEPHANY não se segurou, ela se voltou, trancou a porta do quarto com o objetivo de fingir que estaria dormindo e saiu pulando a janela e caiu aos braços de seu amado. Saíram dali e permaneceram juntos toda a noite fazendo sexo.
Após aquela noite STEPHANY que continuava maravilhada, não mais viu seu amado, mais uma vez ele desapareceu.
Passados aproximadamente um mês, STEPHANY vai à cidade, para em uma taberna, comprar a pedido de seu pai Sr. John, uma garrafa transparente, com rolha, sem saber para que fins se tratava. Retornando, entregou o objeto e este foi colocado numa prateleira.
No dia seguinte STEPHANY saiu a passear e no mesmo horário e lugar do último encontro com o rapaz bonito, o jovem apareceu novamente, elegante como da primeira vez, usando como sempre roupas chiques, calça colada ao corpo, botas meia canela, camisa com mangas longas e fofas gola em pé, com botões dourados. Quando ele se aproximou dela uma luz incandescente ficou ao lado dele. Ela então perguntou:
- O que é isso?
Ele deu uma gargalhada alta e sarcástica, respondendo a ela:
- Tive provas que vocês mulheres são todas iguais.
Ela então reagiu dizendo:
-Porque dizes isso?
Ele então explicou:
- Eu mantive relações sexuais com todas vocês desta cidade de Lyon.
Ela disse?
- O que?
Ele respondeu:
- Eu jamais fui e serei de qualquer mulher.
Ela, mais uma vez reagiu a tal frase:
- Quem tu és?
Ele novamente gargalhando, com ar de zombaria disse:
- Eu sou o demônio. Eu tenho poderes, posso me transformar no feio e no belo, vocês mulheres são todas muito fáceis.
Assustada ela questionou:
- O que? Tu és mesmo o demônio? Então me prove.
Ele imediatamente apontou o dedo para uma campina à frente e disse:
- Veja meu dedo indicador da mão esquerda.
Quando ele apontou para o alvo saiu uma lavareda e o incêndio se fez instantaneamente.
Ele continuou:
- Olhe agora meu dedo indicador da minha mão direita, e saiu da ponta do dedo chamas de fogo.
STEPHANY ficou espantada, mas ao mesmo tempo, ela usou a sabedoria, não demonstrando medo, disse:
- Ainda não acredito que tu és o diabo. É tudo mágica.
Ele então disse:
- Olhe meus olhos e os acompanhe.
Ele olhou para uma macieira carregada de belos frutos e a árvore murchou naquele mesmo instante e as maçãs caíram ao chão apodrecidas.
Aí STEPHANY continuou a demonstrar que não acreditava dizendo:
-É mágica.
O rapaz que se dizia ser o demônio, ficou enfurecido com a moça, por ela não acreditar que ele detinha poder sobre as pessoas e as coisas.
STEPHANY então, lembrou da garrafa transparente que havia comprado para seu pai e que estava na prateleira. Pediu um tempinho, foi até a casa pegou a garrafa e voltando disse a ele:
- Tu és mesmo o demônio, vou fazer um desafio contigo, se ganhares, então irei acreditar.
Com a garrafa na mão esquerda, tirou a rolha com a mão direita e disse ao rapaz:
- Se tu és o demônio, quero ver se com a tua altura de aproximadamente 1,90m, tu podes entrar nesta garrafa de 35 cm, se o fizeres, aí eu acreditarei em ti.
Ele prontamente respondeu:
- Não duvides, eu irei entrar nesta garrafa e tu irás me ver lá dentro.
Ele então, num passo de mágica entrou na garrafa e ela com a mão direita rapidamente, fechou a garrafa com a rolha. E disse:
- Agora te peguei demônio.
E ele lá de dentro gritava:
- Me solta, me solta...
Ela ainda trêmula disse:
- Jamais te soltarei.
Ele implorava de forma bravia:
- Me soltar, vou te amar loucamente.
Ela então disse:
- Eu te amei loucamente, e me enganei contigo. Tu me traíste com todas as mulheres pelo mundo afora.
Ele então, olhando para ela começou a se transformar em figuras horríveis dentro da garrafa.
Ela se dirigiu até o estábulo da fazenda, que era próximo do local onde estavam, pegou uma enxada que ali encontrou, andou uma certa distância com a garrafa numa mão e a enxada na outra, sendo que, o rapaz continuava a esbravejar dentro da garrafa:
- Me solta, me solta...
Ela seguia dizendo:
- Não te solto. Tu vieste na terra para destruir a humanidade, mas, fique sabendo, tu me enganaste bem, como o fez com toda a humanidade usando de toda farsa e mentira demônio, mas, eu o venci.
Ela naquela noite de luar, andou cerca de um quilômetro e meio campo adentro, e quando parou colocou a garrafa no chão e começou a cavar um buraco, cavou mais ou menos um metro de profundidade e o rapaz sempre gritando:
- Me solta, me solta...
Ela então, depois de certificar que a garrafa estava bem tampada a colocou no fundo da cova e enterrou o demônio e depois disse aos gritos:
- Aqui é teu lugar, nas profundezas da terra.
POR ISSO DIGO:
Não brinque com o sentimento de uma mulher, porque ela tem o poder de te fazer um grande homem, mas também tem o poder de destruí-lo, tanto que a mulher chegou ao ponto de enganar até mesmo o diabo.

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