Autor: Leopoldo Napoleão Ben-Leon
No ano de 1935, um jovem casal de família aristocrata, ele Ramon,
cabelos castanhos claro lisos, cor branca, magro, olhos azuis, com 39 anos, com
altura aproximada de 1,85 m, porte atlético e ela Inês cabelos alourados e
lisos, de cor branca, corpo esbelto, olhos verdes, com 35 anos, com 1,74m de
altura, juntamente com seus três filhos: Rúbia, cor branca, cabelos castanhos
compridos lisos, olhos azuis, de 14 anos; Eugênia, cor branca, de cabelos
castanhos compridos, levemente encaracolados, olhos azuis, de 12 anos e Yago, cor
branca, cabelos lisos curtos com corte de época, olhos verdes, de 10 anos de
idade. Uma bela família...
No mês julho, férias das crianças, resolveram sair de Madri
para passearem fora da capital. A família tinha notícias sobre um lugar
maravilhoso que se chamava “Retiro dos Deus”, localizado na região sul da
Espanha. Um castelo construído em meados de 1685, muito aconchegante e pomposo,
onde lá chegaram a residir reis e rainhas da monarquia espanhola e que hoje é
um Hotel que recebe pessoas da alta sociedade do mundo inteiro.
Era uma quarta feira nublada, fria, por volta de 15 horas
quando ali chegaram em seu carro. Foram recebidos por um mordomo muito
elegante, cordial e com todas as pompas. Dirigiram-se ao salão de estar do
castelo. Ramon, Inês e as crianças Rúbia, Eugênia e Yago, ficaram maravilhados
com a decoração, com as pinturas em telas centenárias e os móveis coloniais. Se
sentiram em casa pelo ambiente e pelo tratamento recebido. O atendente pediu
seus documentos para fazer o registro da família. Daí então, junto com o
mordomo foram direcionados ao quarto onde ficariam hospedados. Logo depois o
mordomo, muito educado se despediu desejando boas vindas e os deixou no
aconchego daquele ambiente. Ramon, Inês e filhos passaram a admirar os
aposentos: haviam camas e guarda-roupas entalhados em madeira nobre da época,
mesas de centro, telas de obras de artes fixadas na parede, janelões em vitrais
com desenhos deslumbrantes. Abrindo os ditos janelões se depararam com uma montanha
belíssima, um jardim riquíssimo em flores de variadas espécies, uma paisagem
exuberante. A família maravilhada com o ambiente iniciou um diálogo entre eles
e a filha Rúbia exclamou:
- Que passeio maravilhoso... Nós nem chegamos a sair do Hotel
e já deparamos com esse belo jardim com rosas e orquídeas; amanhã papai, iremos
passear não só no jardim, mas também no pomar do castelo.
Aí o Pai disse a filha:
- Claro que sim filha. Nós ficaremos um mês aqui e iremos
desfrutar das belezas deste lugar visitando todos os ambientes naturais, bem
como andar a cavalo.
Rúbia, Eugênia e Yago, sorriram de felicidade com os olhos
brilhantes.
Por volta das 18 horas, tomaram banho se aprontaram de forma
elegante. Ramon se vestiu com paletó de lã cor azul escuro e uma calça cinza,
camisa branca, uma gravata de cor azul com listras finas e um sapato impecável;
Inês, com um vestido rodado em tom escuro, abaixo do joelho, uma blusa branca
de mangas compridas, meias também de tom escuro e um sapato de salto alto, de
cor bege. As crianças: Rúbia trajava vestido de tom azul marinho comprido
abaixo do joelho, e por cima um paletó de cor acinzentado, meia calça de lã e
sapato preto estilo boneca com lacinho; Eugênia usava um vestido rodado cor
rosa, meias brancas de lã, e sapato estilo boneca de cor preta; Yago usava
camisa branca, um pulôver cinza de lã, calça curta em cima do joelho de tom
escura risco de giz, meias brancas de lã e sapato preto, uma boina cinza escura
de lã.
Juntos dirigiram-se ao salão às 19 horas, onde seria servido
o jantar. Se sentaram à mesa e logo foram servidos. No salão havia uma
orquestra que tocava músicas clássicas de Beethoven, Bach e outros.
Logo após o jantar voltaram ao quarto já por volta das 21
horas.
Trocaram as roupas por seus pijamas e as crianças logo foram
dormir.
O casal foi para a janela dos aposentos e ali debruçados
observavam aquela noite maravilhosa de luar, de céu estrelado quando avistaram ao
longe uma fumaça que imaginaram ser de uma cabana.
Ramon disse à sua esposa Inês:
- Iremos amanhã naquela direção para verificar de onde vem
aquela fumaça?
E ela assim concordou dizendo:
- Pediremos que selem os cavalos para nós e para nossos
filhos e ainda que um guia nos acompanhe.
Daí então foram dormir.
Ao amanhecer, os pais Ramon, Inês, e os filhos Rúbia, Eugênia
e Yago se direcionaram ao salão para tomarem o café da manhã. Logo falaram com
o mordomo pedindo que os acompanhasse até o estábulo e juntamente com o guia,
preparassem os cavalos para um passeio, e pediram que direcionasse àquele local
bem longínquo, onde na noite anterior tinham avistado uma fumaça o que foi
feito. Cavalgaram por algum tempo.
Avistaram um senhor de cabelos e barba branca, com rugas no
rosto e uma senhora de cabelos grisalhos também com rugas, ambos de idade
avançada, em uma cabana humilde sentados em um banco simples de madeira
corroída pelo tempo. Desceram dos cavalos, guia e família e direcionaram àquele
casal de idosos apertaram-lhes as mãos e apresentaram-se.
- Meu nome é Ramon, esta é minha esposa Inês e meus filhos Rúbia,
Eugênia e Yago.
O guia muito educado também apertou a mão do idoso se
apresentou dizendo ser funcionário do Hotel Refúgio dos Deus e que se chamava
Carlos.
O idoso também se apresentou à família e ao guia dizendo a
eles:
- Meu nome é Lorenzo e esta é minha esposa Olívia.
Daí então, o Sr. Lorenzo muito educadamente convidou todos a
se sentarem em outro banco também corroído pelo tempo que estava ao lado dele. Carlos
se acomodou num tamborete. O casal sentou-se no banco indicado pelo Sr.
Lorenzo, juntamente com a filha mais velha Rúbia que ficou ao lado de sua mãe.
As duas crianças Eugênia e Yago avistaram uma linda lagoa onde haviam muitos
cisnes brancos nadando e foram correndo ao encontro das aves.
A mãe Inês disse aos filhos:
- Eugênia e Yago cuidado para não se molharem na lagoa,
porque o tempo está muito frio, poderão adoecer e nós estamos distantes de
atendimento médico.
Mas, as crianças nem ligaram, permaneceram à beira da lagoa
apreciando os cisnes e a paisagem exuberante.
O casal de idosos conversando perguntaram de onde vinha a
família.
Ramon dirigiu-se ao Sr. Lorenzo dizendo:
- Nós somos de Madri, viemos aqui passar férias de um mês no Hotel
Retiro dos Deuses.
O Sr. Lorenzo e sua esposa Olívia olharam um para o outro e
se sentiram felizes daquela família fazer-lhes uma visita, sendo que, moravam
numa local tão simples, e os visitantes deixaram de estar desfrutando das
pompas do Castelo para estar naquela humilde casa. Honrados disseram a eles:
- Bem vindos à nossa casa.
Ramon espantosamente regalando os olhos disse à esposa Inês:
- Poxa que contrate, eu me hospedo no Castelo dos Deus e aqui
me encontro numa humilde casa com grande receptividade.
O idoso respondeu então ao casal:
- Aqui nós somos felizes, como também aqueles que moram lá no
Hotel Retiro dos Deuses. Faz muitos anos que não recebemos visita de ninguém,
principalmente pessoas importantes como vocês, isso nos traz tamanha felicidade
poder dividir o que temos de bom com os outros que aqui chegam.
Inês então disse:
-Realmente estou me sentindo muito bem pelo tratamento do Sr.
Lorenzo e também da Sra. Olívia.
E o casal de idosos, convidou toda a família para entrar em
sua casa, Inês então chamou as crianças que estavam na beira da lagoa
apreciando os cisnes e aquela imensurável de natureza. As crianças vieram ao encontro
da mãe, entraram e logo viram que havia uma energia aconchegante naquele local.
A senhora Olívia foi até o fogão de lenha, colocou uma panela com água para o
preparo de um chá para servir aos visitantes. O chá ficou pronto e foi servido
com biscoitos, produzidos pelo casal. Aí, a conversa foi surgindo, e Ramon
dirigiu-se ao casal de idosos agradecendo pela acolhida carinhosa e afirmou:
- Aqui realmente é um Lar Feliz, porque eu e minha família
estamos muito felizes por receber tamanho carinho do senhor e senhora.
O Sr. Lorenzo disse:
- Muitas vezes a riqueza não nos traz felicidade, pois não
sabemos se quem nos gosta é por nós ou se é pela riqueza que possuímos.
Ramon então disse:
- Realmente é isto mesmo, eu sou de uma família aristocrata
de poder econômico alto, somos sempre convidados a participar de grandes
eventos e muitas vezes com muita pompa, mas não nos sentimos felizes como nos
encontramos aqui.
Passaram todo o dia naquela lindo ambiente, almoçaram uma
saborosa refeição e mais tarde um belo lanche.
Ramon ofertou ao Sr. Lorenzo uma quantia em dinheiro como
agradecimento pelos belos momentos, mas o idoso recusou dizendo:
- Não se faz necessário qualquer pagamento, pois foi um
prazer imenso recebe-los aqui em nossa humilde casa, voltem sempre ...
Ao entardecer Ramon e Inês se despediram do casal de idosos e
partiram junto com os filhos e o guia para o Hotel Refúgio dos Deuses.
Chegando ao Hotel, descontraídos, dirigiram-se aos aposentos,
tomaram banho, em seguida foram ao salão para jantarem. Após o jantar
retornaram aos aposentos e foram dormir. Pela manhã às 8:00 horas fizeram a
mesma rotina, foram ao salão, toda a família tomou café e dirigiram-se ao
jardim do Hotel para passearem.
Os dias se passaram tranquilamente...
No vigésimo sétimo dia de férias ao retornarem do café da
manhã por volta das 9 horas, foram aos seus aposentos abriram a porta e
depararam com algo estranho no quarto; o guarda roupa estava aberto todo
remexido o porta joias que estava em cima da cômoda estava aberto e viram que
foram roubados, porque as joias lá não se encontravam mais, como pulseiras de
ouro que eram da esposa e filhas, colar de pérolas, um relógio feminino cravado
com pedra de brilhante, além do mais
foram levados uma quantia relevante em dinheiro. Imediatamente Ramon desceu a
escadaria às carreiras, chamando a direção do Hotel e descrevendo o ocorrido. A
direção chamou com rapidez a polícia para apurar os fatos. Os policiais sob o
comando do chefe de polícia Dr. Henrique, ao chegarem, começaram a ouvir no
salão do Hotel, todos os funcionários e hóspedes.
A família bastante entristecida com o acontecido tinha de
viajar logo no dia seguinte, deixando nas mãos da polícia e dos responsáveis
pelo Hotel o deslinde do caso.
Inês disse ao esposo:
- Diz uma frase “que vão os anéis e fiquem os dedos”, porque
coisas materiais podemos repor seria pior se tivéssemos perdido um filho ou um
de nós. Seria uma perda irreparável. Lembre bem meu marido que nossas férias
foram maravilhosas e que estas coisas não irão nos afetar. Importante que somos
uma família feliz.
A família assim, no dia posterior, seguiu para Madri.
Depois de uns 15 dias a polícia chegou ao autor do crime.
Descobriu que o elegante mordomo – Sr. Vasquez - que recebeu tão bem a família
era o autor do furto... tendo este sido preso e condenado pelo crime em questão
e investigado sobre outros delitos acontecidos no Hotel anteriormente. Logo a família foi ressarcida com a devolução
de todos os bens, objetos do furto que foram encontrados na residência do
mordomo.
Em casa o senhor Ramon, Inês e os filhos Rubia, Eugênia e
Yago, sentados à mesa, felizes por terem recuperado seus bens, conversaram e
reviveram o passeio maravilhoso, independente do triste episódio ocorrido.
Ramon dirigindo-se à esposa disse:
- Veja só, nós fomos para um lugar chamado Retiro dos Deuses,
onde lá tinha tudo de bom e acabamos sendo roubados, graças a Deus que
recuperamos nossos bens, mas passemos a analisar que nem tudo que é amarelo é
ouro e nem tudo que brilha é diamante. Lembra Inês que nós fomos na casa
daqueles idosos Sr. Lorenzo e Sra. Olívia, casa simples, mas pessoas de bem.
Passamos o dia naquele lugar aconchegante, nos trataram com cordialidade e
singeleza, e no final da tarde eu quis dar uma quantia em dinheiro ao casal
Lorenzo e Olivia e estes não aceitaram sequer um centavo, isto nos faz
acreditar que nas casas mais humildes é que encontramos a honestidade, carinho,
amor e respeito ao próximo.
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