terça-feira, 15 de novembro de 2016

RETIRO DOS DEUSES

Autor: Leopoldo Napoleão Ben-Leon

No ano de 1935, um jovem casal de família aristocrata, ele Ramon, cabelos castanhos claro lisos, cor branca, magro, olhos azuis, com 39 anos, com altura aproximada de 1,85 m, porte atlético e ela Inês cabelos alourados e lisos, de cor branca, corpo esbelto, olhos verdes, com 35 anos, com 1,74m de altura, juntamente com seus três filhos: Rúbia, cor branca, cabelos castanhos compridos lisos, olhos azuis, de 14 anos; Eugênia, cor branca, de cabelos castanhos compridos, levemente encaracolados, olhos azuis, de 12 anos e Yago, cor branca, cabelos lisos curtos com corte de época, olhos verdes, de 10 anos de idade.  Uma bela família...
No mês julho, férias das crianças, resolveram sair de Madri para passearem fora da capital. A família tinha notícias sobre um lugar maravilhoso que se chamava “Retiro dos Deus”, localizado na região sul da Espanha. Um castelo construído em meados de 1685, muito aconchegante e pomposo, onde lá chegaram a residir reis e rainhas da monarquia espanhola e que hoje é um Hotel que recebe pessoas da alta sociedade do mundo inteiro.
Era uma quarta feira nublada, fria, por volta de 15 horas quando ali chegaram em seu carro. Foram recebidos por um mordomo muito elegante, cordial e com todas as pompas. Dirigiram-se ao salão de estar do castelo. Ramon, Inês e as crianças Rúbia, Eugênia e Yago, ficaram maravilhados com a decoração, com as pinturas em telas centenárias e os móveis coloniais. Se sentiram em casa pelo ambiente e pelo tratamento recebido. O atendente pediu seus documentos para fazer o registro da família. Daí então, junto com o mordomo foram direcionados ao quarto onde ficariam hospedados. Logo depois o mordomo, muito educado se despediu desejando boas vindas e os deixou no aconchego daquele ambiente. Ramon, Inês e filhos passaram a admirar os aposentos: haviam camas e guarda-roupas entalhados em madeira nobre da época, mesas de centro, telas de obras de artes fixadas na parede, janelões em vitrais com desenhos deslumbrantes. Abrindo os ditos janelões se depararam com uma montanha belíssima, um jardim riquíssimo em flores de variadas espécies, uma paisagem exuberante. A família maravilhada com o ambiente iniciou um diálogo entre eles e a filha Rúbia exclamou:
- Que passeio maravilhoso... Nós nem chegamos a sair do Hotel e já deparamos com esse belo jardim com rosas e orquídeas; amanhã papai, iremos passear não só no jardim, mas também no pomar do castelo.
Aí o Pai disse a filha:
- Claro que sim filha. Nós ficaremos um mês aqui e iremos desfrutar das belezas deste lugar visitando todos os ambientes naturais, bem como andar a cavalo.
Rúbia, Eugênia e Yago, sorriram de felicidade com os olhos brilhantes.
Por volta das 18 horas, tomaram banho se aprontaram de forma elegante. Ramon se vestiu com paletó de lã cor azul escuro e uma calça cinza, camisa branca, uma gravata de cor azul com listras finas e um sapato impecável; Inês, com um vestido rodado em tom escuro, abaixo do joelho, uma blusa branca de mangas compridas, meias também de tom escuro e um sapato de salto alto, de cor bege. As crianças: Rúbia trajava vestido de tom azul marinho comprido abaixo do joelho, e por cima um paletó de cor acinzentado, meia calça de lã e sapato preto estilo boneca com lacinho; Eugênia usava um vestido rodado cor rosa, meias brancas de lã, e sapato estilo boneca de cor preta; Yago usava camisa branca, um pulôver cinza de lã, calça curta em cima do joelho de tom escura risco de giz, meias brancas de lã e sapato preto, uma boina cinza escura de lã.
Juntos dirigiram-se ao salão às 19 horas, onde seria servido o jantar. Se sentaram à mesa e logo foram servidos. No salão havia uma orquestra que tocava músicas clássicas de Beethoven, Bach e outros.
Logo após o jantar voltaram ao quarto já por volta das 21 horas.
Trocaram as roupas por seus pijamas e as crianças logo foram dormir.
O casal foi para a janela dos aposentos e ali debruçados observavam aquela noite maravilhosa de luar, de céu estrelado quando avistaram ao longe uma fumaça que imaginaram ser de uma cabana.
Ramon disse à sua esposa Inês:
- Iremos amanhã naquela direção para verificar de onde vem aquela fumaça?
E ela assim concordou dizendo:
- Pediremos que selem os cavalos para nós e para nossos filhos e ainda que um guia nos acompanhe.
Daí então foram dormir.
Ao amanhecer, os pais Ramon, Inês, e os filhos Rúbia, Eugênia e Yago se direcionaram ao salão para tomarem o café da manhã. Logo falaram com o mordomo pedindo que os acompanhasse até o estábulo e juntamente com o guia, preparassem os cavalos para um passeio, e pediram que direcionasse àquele local bem longínquo, onde na noite anterior tinham avistado uma fumaça o que foi feito. Cavalgaram por algum tempo.
Avistaram um senhor de cabelos e barba branca, com rugas no rosto e uma senhora de cabelos grisalhos também com rugas, ambos de idade avançada, em uma cabana humilde sentados em um banco simples de madeira corroída pelo tempo. Desceram dos cavalos, guia e família e direcionaram àquele casal de idosos apertaram-lhes as mãos e apresentaram-se.
- Meu nome é Ramon, esta é minha esposa Inês e meus filhos Rúbia, Eugênia e Yago.
O guia muito educado também apertou a mão do idoso se apresentou dizendo ser funcionário do Hotel Refúgio dos Deus e que se chamava Carlos.
O idoso também se apresentou à família e ao guia dizendo a eles:
- Meu nome é Lorenzo e esta é minha esposa Olívia. 
Daí então, o Sr. Lorenzo muito educadamente convidou todos a se sentarem em outro banco também corroído pelo tempo que estava ao lado dele. Carlos se acomodou num tamborete. O casal sentou-se no banco indicado pelo Sr. Lorenzo, juntamente com a filha mais velha Rúbia que ficou ao lado de sua mãe. As duas crianças Eugênia e Yago avistaram uma linda lagoa onde haviam muitos cisnes brancos nadando e foram correndo ao encontro das aves.
A mãe Inês disse aos filhos:
- Eugênia e Yago cuidado para não se molharem na lagoa, porque o tempo está muito frio, poderão adoecer e nós estamos distantes de atendimento médico.
Mas, as crianças nem ligaram, permaneceram à beira da lagoa apreciando os cisnes e a paisagem exuberante.
O casal de idosos conversando perguntaram de onde vinha a família.
Ramon dirigiu-se ao Sr. Lorenzo dizendo:
- Nós somos de Madri, viemos aqui passar férias de um mês no Hotel Retiro dos Deuses.
O Sr. Lorenzo e sua esposa Olívia olharam um para o outro e se sentiram felizes daquela família fazer-lhes uma visita, sendo que, moravam numa local tão simples, e os visitantes deixaram de estar desfrutando das pompas do Castelo para estar naquela humilde casa. Honrados disseram a eles:
- Bem vindos à nossa casa.
Ramon espantosamente regalando os olhos disse à esposa Inês:
- Poxa que contrate, eu me hospedo no Castelo dos Deus e aqui me encontro numa humilde casa com grande receptividade.
O idoso respondeu então ao casal:
- Aqui nós somos felizes, como também aqueles que moram lá no Hotel Retiro dos Deuses. Faz muitos anos que não recebemos visita de ninguém, principalmente pessoas importantes como vocês, isso nos traz tamanha felicidade poder dividir o que temos de bom com os outros que aqui chegam.
Inês então disse:
-Realmente estou me sentindo muito bem pelo tratamento do Sr. Lorenzo e também da Sra. Olívia.
E o casal de idosos, convidou toda a família para entrar em sua casa, Inês então chamou as crianças que estavam na beira da lagoa apreciando os cisnes e aquela imensurável de natureza. As crianças vieram ao encontro da mãe, entraram e logo viram que havia uma energia aconchegante naquele local. A senhora Olívia foi até o fogão de lenha, colocou uma panela com água para o preparo de um chá para servir aos visitantes. O chá ficou pronto e foi servido com biscoitos, produzidos pelo casal. Aí, a conversa foi surgindo, e Ramon dirigiu-se ao casal de idosos agradecendo pela acolhida carinhosa e afirmou:
- Aqui realmente é um Lar Feliz, porque eu e minha família estamos muito felizes por receber tamanho carinho do senhor e senhora.
O Sr. Lorenzo disse:
- Muitas vezes a riqueza não nos traz felicidade, pois não sabemos se quem nos gosta é por nós ou se é pela riqueza que possuímos.
Ramon então disse:
- Realmente é isto mesmo, eu sou de uma família aristocrata de poder econômico alto, somos sempre convidados a participar de grandes eventos e muitas vezes com muita pompa, mas não nos sentimos felizes como nos encontramos aqui.
Passaram todo o dia naquela lindo ambiente, almoçaram uma saborosa refeição e mais tarde um belo lanche.
Ramon ofertou ao Sr. Lorenzo uma quantia em dinheiro como agradecimento pelos belos momentos, mas o idoso recusou dizendo:
- Não se faz necessário qualquer pagamento, pois foi um prazer imenso recebe-los aqui em nossa humilde casa, voltem sempre ...
Ao entardecer Ramon e Inês se despediram do casal de idosos e partiram junto com os filhos e o guia para o Hotel Refúgio dos Deuses.
Chegando ao Hotel, descontraídos, dirigiram-se aos aposentos, tomaram banho, em seguida foram ao salão para jantarem. Após o jantar retornaram aos aposentos e foram dormir. Pela manhã às 8:00 horas fizeram a mesma rotina, foram ao salão, toda a família tomou café e dirigiram-se ao jardim do Hotel para passearem.
Os dias se passaram tranquilamente...
No vigésimo sétimo dia de férias ao retornarem do café da manhã por volta das 9 horas, foram aos seus aposentos abriram a porta e depararam com algo estranho no quarto; o guarda roupa estava aberto todo remexido o porta joias que estava em cima da cômoda estava aberto e viram que foram roubados, porque as joias lá não se encontravam mais, como pulseiras de ouro que eram da esposa e filhas, colar de pérolas, um relógio feminino cravado com pedra de brilhante,  além do mais foram levados uma quantia relevante em dinheiro. Imediatamente Ramon desceu a escadaria às carreiras, chamando a direção do Hotel e descrevendo o ocorrido. A direção chamou com rapidez a polícia para apurar os fatos. Os policiais sob o comando do chefe de polícia Dr. Henrique, ao chegarem, começaram a ouvir no salão do Hotel, todos os funcionários e hóspedes.
A família bastante entristecida com o acontecido tinha de viajar logo no dia seguinte, deixando nas mãos da polícia e dos responsáveis pelo Hotel o deslinde do caso.
Inês disse ao esposo:
- Diz uma frase “que vão os anéis e fiquem os dedos”, porque coisas materiais podemos repor seria pior se tivéssemos perdido um filho ou um de nós. Seria uma perda irreparável. Lembre bem meu marido que nossas férias foram maravilhosas e que estas coisas não irão nos afetar. Importante que somos uma família feliz.
A família assim, no dia posterior, seguiu para Madri.
Depois de uns 15 dias a polícia chegou ao autor do crime. Descobriu que o elegante mordomo – Sr. Vasquez - que recebeu tão bem a família era o autor do furto... tendo este sido preso e condenado pelo crime em questão e investigado sobre outros delitos acontecidos no Hotel anteriormente.  Logo a família foi ressarcida com a devolução de todos os bens, objetos do furto que foram encontrados na residência do mordomo.
Em casa o senhor Ramon, Inês e os filhos Rubia, Eugênia e Yago, sentados à mesa, felizes por terem recuperado seus bens, conversaram e reviveram o passeio maravilhoso, independente do triste episódio ocorrido. Ramon dirigindo-se à esposa disse:
- Veja só, nós fomos para um lugar chamado Retiro dos Deuses, onde lá tinha tudo de bom e acabamos sendo roubados, graças a Deus que recuperamos nossos bens, mas passemos a analisar que nem tudo que é amarelo é ouro e nem tudo que brilha é diamante. Lembra Inês que nós fomos na casa daqueles idosos Sr. Lorenzo e Sra. Olívia, casa simples, mas pessoas de bem. Passamos o dia naquele lugar aconchegante, nos trataram com cordialidade e singeleza, e no final da tarde eu quis dar uma quantia em dinheiro ao casal Lorenzo e Olivia e estes não aceitaram sequer um centavo, isto nos faz acreditar que nas casas mais humildes é que encontramos a honestidade, carinho, amor e respeito ao próximo.

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